Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro, numa família de poucas posses. Filho de Francisco José de Assis, um pintor mulato, e de Maria Leopoldina da Câmara Machado, uma portuguesa dos Açores, ele perdeu a mãe ainda pequeno e cresceu no morro do Livramento, um lugar simples e afastado das elites. Por isso, não frequentou escolas tradicionais, mas encontrou nos livros e na vida cotidiana uma educação que moldou seu talento. Assim, desde cedo, mostrou um desejo enorme de aprender, mesmo enfrentando as barreiras da pobreza.

Órfão de pai na adolescência, Machado começou a trabalhar jovem, arrumando um emprego como aprendiz numa tipografia. Dessa forma, entrou no mundo das letras, que logo se tornaria sua paixão e sustento. Mais tarde, em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, uma mulher culta que trouxe equilíbrio à sua vida. Apesar de conviver com a epilepsia e de perder Carolina em 1904, ele seguiu firme, construindo uma carreira notável como escritor e funcionário público. Além disso, em 1897, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, assumindo o cargo de primeiro presidente. Contudo, sua trajetória terminou em 29 de setembro de 1908, deixando um vazio, mas também um legado imenso.

Estilo literário e obras

Machado de Assis tinha um jeito único de escrever, que misturava realismo, ironia e um olhar profundo sobre as pessoas. Diferente dos romantismos cheios de emoção ou do naturalismo detalhista de seu tempo, ele preferia brincar com as ideias e os sentimentos dos leitores. Por exemplo, seus narradores muitas vezes confundem quem lê, contando as coisas de um jeito torto que exige atenção. Assim, ele criou histórias que parecem simples, mas escondem reflexões sobre a vida, o destino e a natureza humana.

Entre suas obras mais famosas estão Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899). A primeira, narrada por um defunto, é uma crítica divertida e ácida à sociedade. Já Quincas Borba (1891) fala de loucura e ambição, enquanto Dom Casmurro (1899) deixa todo mundo pensando se Capitu traiu ou não Bentinho. Além disso, Machado escreveu contos inesquecíveis, como “O alienista” (1882) e “Missa do galo” (1899), e também poesias e crônicas que saíam nos jornais. Portanto, sua obra é rica e variada, com mais de 200 contos e algumas peças teatrais. Embora prêmios não fossem comuns em sua época, ele ganhou respeito enorme, sendo reconhecido ao liderar a Academia Brasileira de Letras.

Contribuições para a sociedade

As histórias de Machado de Assis vão além do entretenimento; elas mexem com quem lê e ajudam a entender o mundo de ontem e de hoje. Em primeiro lugar, ele retratou a vida social do Brasil do século XIX com um olhar esperto e crítico. Por exemplo, em Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), o narrador, um homem rico e preguiçoso, mostra os defeitos da elite e os absurdos da desigualdade. Dessa maneira, Machado tocou em temas como a escravidão e o preconceito sem levantar a voz, mas com uma ironia que fazia pensar. Assim, suas palavras continuam vivas, mostrando como o poder e a injustiça atravessam o tempo.

No lado profissional, suas obras também têm muito a dizer. Em “O alienista” (1882), por instance, ele conta a história de um médico que acha que todo mundo é louco e começa a internar a cidade inteira. Então, o conto vira um jeito de falar sobre os exageros da ciência e os riscos de quem manda demais no trabalho. Além disso, nas crônicas que escrevia para jornais, ele capturava o dia a dia das pessoas, com seus empregos e sonhos, como quem conversa num café. Por outro lado, na vida social, Machado cutuca as relações humanas. Em Dom Casmurro (1899), o ciúme de Bentinho é uma porta para pensar em confiança, dúvida e como julgamos os outros.

Portanto, Machado de Assis contribui para a sociedade ao nos fazer olhar para dentro e para fora. Suas histórias, cheias de detalhes e surpresas, ensinam sobre empatia e sobre os erros que repetimos. Em resumo, ele não entrega lições prontas, mas planta perguntas que ajudam a crescer como gente e como grupo. Ler Machado é como ouvir um amigo sábio que, com um sorriso esperto, mostra o quanto a vida pode ser complicada e bonita ao mesmo tempo.

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